Todo ano é a mesma ladainha: "O Natal é uma festa de origem pagã", "Constantino inventou o Natal para substituir o culto ao Sol Invictus", "Saturnálias", "Mitra", etc.
Isso quando não surgem teorias ainda mais bizarras como a de que as luzes na árvore eram crianças sacrificadas a algum deus sumério ou romano, de que o panetone se origina de uma oferenda de um bolo com frutas para Semíramis ou de que Constantino é culpado por "deturpar a Igreja e inventar o Natal", tal como o conhecemos.
A confusão é tão generalizada que até mesmo determinadas confissões cristãs se perguntam se devem ou não comemorar o Natal, fruto de uma desinformação persistente.
Mesmo alguns cristãos ortodoxos acabam repetindo uma informação ou outra, seja por desconhecer a própria Tradição da Igreja, seja por causa grande desinformação propagada nessa época do ano.
Por outro lado, algumas pessoas também tendem a acreditar que a Tradição da Igreja não é exata — talvez por influência da Reforma —, e que o relato de testemunhas oculares são imprecisos ou até mesmo "adições posteriores".
Há uma grande surpresa em constatar que a data do Natal já era celebrada na Igreja Primitiva, por exemplo. A afirmação de que os cristãos celebravam o nascimento de Cristo antes do período imperial é completamente ignorada, pois, as pessoas prestam mais atenção às narrativas e alegações anticristãs do que à fontes históricas.
Portanto, analisaremos alguns fatos para saber se Jesus nasceu, realmente, no dia 25 de dezembro.
1) A Tradição da Igreja
A primeira evidência está, justamente, na Tradição da Igreja. A Anunciação, comemorada pela Igreja, se dá no dia 25 de março, quando o anjo Gabriel se apresenta à Virgem Maria anunciando sua escolha e a concepção por meio do Espírito Santo. Contando nove meses a partir dessa data chegamos ao dia 25 de dezembro.
2) A Escala de Serviços no Templo de Jerusalém
Como um cético poderia questionar que a Tradição não poderia provar nada, outra evidência é encontrada na escala de serviços do Templo de Jerusalém.
Em Lucas 1.15 vemos que o anúncio da concepção de São João Batista aconteceu quando seu pai, Zacarias, oficiava no Templo.
Existiam diferentes equipes que prestavam esse serviço em diferentes épocas do ano. Zacarias era da divisão de Abijah, a qual realiza o oitavo turno (I Crônicas. 24.5). A concepção de S. João Batista ocorreu logo depois desse período (Lucas 1.24), ou seja, no dia do Yom Kippur judeu (Dia do Arrependimento, e essa era a mensagem de João Batista: arrependei-vos!), que no calendário moderno ocorre entre 14 de setembro e 14 de outubro, mas que naquela época o Yom Kippur se deu no dia 25 de setembro.
Após seis meses, o anjo Gabriel é enviado até a Virgem para fazer a Anunciação (Lucas 1.26). São João Batista era seis meses mais velho que Nosso Senhor Jesus Cristo (Lucas 1.36).
3) A Instituição da data pagã é posterior a Constantino
A falácia de que o Imperador Constantino substituiu a celebração pagã do Sol Invictus pelo Natal cristão é refutada ao verificar que, na verdade, o "aniversário do Sol Invictus" só foi instituído sob o Imperador Juliano, o Apóstata.
Juliano apostatou da fé cristã para retornar ao paganismo romano e, para afrontar sua antiga fé, tentou reinstaurar a celebração pagã no dia 25 de dezembro, data em que os cristãos já comemoravam o natalício do Messias.
4) A Instituição do Sol Invictus no Dia 25 é Posterior à Celebração dos Cristãos
A escolha do dia 25 de dezembro para a celebração pagã, aconteceu pela primeira vez no ano 274 d.C, sob o Imperador romano Aureliano. Antes disso, os pagãos celebravam qualquer deus Sol sem qualquer data específica, e o seu culto caiu em desuso por algum tempo. Somente com Aureliano a preferência por esse deus pagão retornou, ganhando até mesmo uma data oficial.
5) A Celebração do Nascimento de Cristo vem desde a Igreja Primitiva
Foram os cristãos os primeiros a usar o dia 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Cristo.
Em 202 d.C. comentando a respeito do livro de Daniel, Hipólito, bispo de Roma, faz a seguinte afirmação:
“O Primeiro Advento de nosso Senhor na carne ocorreu quando Ele nasceu em Belém: era 25 de dezembro, uma quarta-feira, enquanto Augusto estava em seu 42º ano, que é o de 5.500 desde Adão. Ele morreu no 33º ano, 25 de março, sexta-feira, no 18º ano de Tibério César, enquanto Rufus e Roubellion eram cônsules”
São João Crisóstomo diz que a Festa da Natividade era observada desde o início pelos cristãos ocidentais e esse comentário de Hipólito comprova isso.
São Teófilo, bispo de Cesaréia, quase contemporâneo dos últimos dos apóstolos, que viveu entre 115 – 181 d.C., escreveu:
“Devemos comemorar o aniversário de Nosso Senhor: a cada 25 de dezembro isso deve acontecer”
É surpreendente que esses relatos históricos não sejam levados em conta por qualquer pesquisa acadêmica a respeito desse tema, pelo contrário, fingem não existir. O que vemos é um total revisionismo histórico que ignora completamente as fontes da Igreja, seja por um sentimento iluminista anticristão, seja promovido por uma narrativa anticatólica pós-Reforma ou mesmo por ignorar a Tradição da Igreja.
5) A Falácia das Condições Climáticas Impedindo que os Pastores Estivessem no Campo.
Outro argumento usado para invalidar a data do nascimento de Cristo é de que "os pastores não poderiam estar no campo cuidando das ovelhas no inverno".
Este argumento assume que as condições climáticas em Jerusalém e na Judéia são similares às da Europa e de outros climas do norte. Entretanto, em Belém — hoje uma região da Palestina — é um clima desértico. Sua temperatura média nessa época do ano varia entre 6° e 14° graus Celsius. Seu recorde de alta em dezembro é de 26° graus.
A Bíblia confirma plenamente a capacidade de que os pastores estivessem nos campos vigiando seus rebanhos em dezembro. Por exemplo, Abraão, Isaque e Jacó viveram o ano inteiro em tendas (Hebreus 11.9; cf. Gênesis 12.8; 13.3, 18; 18.1, 9), assim como fizeram muitos dos judeus durante séculos depois de conquistar Canaã (Juízes 4.18; Jeremias 35.7, 10). Além disso, a Escritura relata, especificamente, que Jacó vigiava os rebanhos de Labão durante a geada de inverno durante a noite (Gênesis 31.40).
Para concluir, todos os anos os cristãos celebram o Natal na Igreja da Natividade em Belém, na Palestina.
As fotos abaixo mostram como o clima é perfeitamente adequado para qualquer atividade ao ar livre, assim como as procissões de Natal realizadas pela Igreja, lembrando que essa data segue o calendário Juliano, seguido pela Igreja — acrescentando que em Jerusalém, especificamente, segue-se o Calendário Juliano antigo, ou seja, não é o Calendário Juliano Revisado, que para o ocidente — de acordo com o Calendário Gregoriano — seria correspondente ao dia 07 de janeiro.
Fontes:
De Onde Vem a Data do dia 25 Para o Nascimento do Nosso Senhor? – A Cripto-Escola
Objections to Christimas and the Dec. 25th Birt of Christ Answered – Dec. 25th. info
Magdeburgenses, Cent. 2. c. 6. Hospinian, De origine Festorum Chirstianorum.
Hipólito, Comentário sobre Daniel 4, 23
Como posso viver a fé ortodoxa onde não a igreja