Outra coisa citada pelo apologista latino é de que "dezenas de igrejas ortodoxas voltaram à Igreja Católica nos últimos séculos".
Como as Igrejas Ortodoxas poderiam voltar à comunhão se elas nunca saíram da Comunhão?
Sempre houve uma comunhão católica de cinco patriarcados (no início eram quatro) e a igreja autocefálica do Chipre, e dessa comunhão de igrejas católicas unas na Fé Ortodoxa, separou-se Roma. Dessa forma, a oração pela união das igrejas, do lado ortodoxo, é uma oração pelo retorno de Roma ao seio da Igreja.
Aquele apologista latino talvez considere os diálogos ecumênicos e pareceres de certos comitês ao escrever tal coisa. Tais documentos são nada mais do que isso; pareceres que são condenados rigorosamente por todos os santos do século XX, que não hesitam em revelar que o ecumenismo é a pan-heresia.
Entre teólogos acadêmicos e clero de nossos dias, o juízo de valor é controverso, mas nem os favoráveis, especialmente entre os que conhecem direito canônico, ousariam dizer que tais pareceres gerados em diálogos, tratados e comitês têm qualquer valor decisório fora do consenso dos santos, das decisões dos sínodos e especialmente de um concílio ecumênico.
O uso de tais documentos como qualquer coisa além dessas opiniões — que no fim das contas já estão comprometidos com certos valores e agendas — não correspondem a uma reta compreensão do processo de formação de posicionamentos da Igreja, que é a articulação por parte dos santos daquilo que veem e compreendem sob inspiração divina, a articulação dessas opiniões em sínodos e, finalmente, articulação desses posicionamentos em Concílio Ecumênico.
Em nenhum ponto desse processo entram os comitês, diálogos, teses universitárias, opiniões de acadêmicos liberais, instituições e organizações inter-religiosas ou concílios e opiniões de fora da Igreja. Em suma, quem decide é o Espírito Santo, não o intelecto humano.
Caso ele se refira às comunidades orientais — aliciadas por jesuítas e outras iniciativas romanas que desde o século XVI assaltaram o mundo ortodoxo com a insuflação de divisões políticas locais para cooptar um dos lados, não diferente do que fazem as potências seculares de nossos dias, dividindo para conquistar —, estas são antes testemunho da falta de ética e amor ao próximo, que não hesita em provocar guerras e brigas entre irmãos para conquistar o poder.
Para exemplificar, citamos os tristes acontecimentos promovidos por Josaphat Kuntsevich durante os anos de 1600, que promoveu conversões forçadas, ordenou que os ortodoxos mortos fossem exumados e jogados aos cães, além dos saque e incêndios de igrejas.
Tal foi a situação que um católico romano, chanceler do Grão-Ducado da Lituânia, Leo Sapiega, escreveu uma carta datada de 12 de março de 1622, endereçada a Kusentsevich:
"Pela violência impensada você oprime o povo russo e incita-o a se revoltar. Você está ciente da censura das pessoas simples, que seria melhor estar em cativeiro na Turquia do que suportar tais perseguições por fé e piedade. Você escreve que afoga deliberadamente os ortodoxos, corta suas cabeças e profana suas igrejas. Você sela as igrejas para que essas pessoas, sem acesso a piedade e ritos cristãos, sejam enterradas como não-cristãos. Em lugar de alegria, seu astuto uniatismo nos trouxe apenas aflição, inquietação e conflito. Nós preferimos ficar sem isso. Estes são os frutos do seu uniatismo."
Kusentsevich foi canonizado em 1867.
Tais grupos — comunidades orientais — separaram-se de Cristo, confiando no então poder secular de Roma para confrontar suas inimizades locais e, como triste retorno, foram e são tratados como meros argumentos a serem usados em apologia anti-ortodoxa e descartados logo em seguida.
Que o Senhor se apiede de suas almas, pois os que hoje vivem não são culpados pelos pecados de seus pais e possam retornar à Igreja.
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